O homem que Deus ama, este Ele faz passar pela humilhação – Quem é humilde tem paciência

 Jasna Gora, Reunião de Recortes, 28 de abril de 1984, sábado

A D V E R T Ê N C I A

Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.

Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

 

É uma frase do “Eclesiástico”:

“Meu filho…”

Há uma coisa qualquer na Escritura que quando ela diz “meu filho”, é filho mesmo! Não sei o que é que é, mas quase entra um timbre de voz próprio da Escritura, de maneira que a gente fica quase com remorso de ler… acrescentando sua própria voz a uma voz “inouvida”, mas real que a Escritura tem.

Precisaria aprender-se a dizer isto, não com a seguinte pergunta: qual é o melhor efeito que eu posso tirar de minha voz para dizer isto? Mas de outro jeito: como é a voz com que a Escritura diz isto? E como é que eu posso obrigar a minha laringe a dizer o que a Escritura diz? A ter a voz da Escritura, é uma outra coisa! É uma pista especial muito bonita… Eu não estou nessa pista.

Isto é tirado do “Eclesiástico” (II, 1 e seguintes) e vem  uma série de números:

“Meu filho, quando entrares ao serviço de Deus persevera firme na justiça…”

Justiça é a virtude.

“… e no temor…”

Temor é o temor de Deus.

“… e prepara a tua alma para a tentação”.

Que belo conselho! Começastes a amar a Deus, atenção! Prepara a tua alma para a tentação… Inaciano à conta inteira! Eu acho muito bonito… Bem…

“Humilha o teu  coração e tem paciência…”

Os senhores veem a ligação de uma coisa com outra: humildade e a paciência. O homem humilde espera com paciência; o homem impaciente não é humilde. Há aqui um ponto para ser analisado, para ser estudado…

“Inclina o teu ouvido e recebe as palavras da Sabedoria e não te apresses no tempo da prova”.

Quer dizer, no tempo difícil não tenha pressa de sair de dentro, ensina a Sabedoria “cochichando” no nosso espírito. Considero admirável!

“Sofre as demoras de Deus…”

Sofre, quer dizer, atura, suporta as demoras de Deus.

“Conserva-te unido a Deus e espera pacientemente para teres vantagem na tua sorte final”.

A vitória é dada a quem sofreu com paciência. Paciência aqui não é  indolência, não é nhê-nhê-nhê-nhê, é aquela virtude forte por onde se aguenta a dor da espera.

Ai do homem a quem a espera não dói! Ai do homem que não aguenta a dor da espera! Isso é a paciência. Eu estou, portanto, longe de censurar – mas a léguas! – o homem a quem dói a espera. Eu admiro, porque  este homem quer o quanto antes o Reino de Maria.

Mas a dor da espera aguenta como um herói: esta é a paciência. Me parece bonito o conselho. E fazer, pôr um nexo disso com a humildade, eu acho magnífico!

Quer dizer, eu teria direito; minha paciência me daria direito a esperar isso, a que isso venha logo… É verdade, mas minha humildade faz compreender que Deus faz de mim o que Ele quiser!

E que eu posso ficar jogado de lado nos planos de Deus… Resultado: este será aproveitado, diz aqui: “para teres vantagens da tua sorte final”…

“Aceita de boa mente tudo o que te suceder e permanece em paz na tua dor”.

Não é: não sinta a dor. Sofra, porque é terrível o que te acontece. Não seja um songamonga inerte e imbecil que à força de apanhar já não tem dor. Não. É terrível e sofra e depois disso aguenta o teu sofrimento. Aguenta-o por amor de Deus. Não é simples… mas é bom! Bem…

“Tem paciência, porque no fogo se prova o ouro e a prata; e os homens amados de Deus provam-se no cadinho da humilhação”.

Quer dizer, o homem que Deus ama, este Ele faz passar pela humilhação. Depois, este homem poderá chegar aos píncaros: “de torrente in via bibet…” mas na vida ele é um humilhado; nesta ou naquela ocasião ou na vida inteira, conforme os desígnios de Deus. Caminha e sê paciente! Para frente agora!

“Confia em Deus e Ele te protegerá. Endireita o teu caminho e espera nEle. Conserva o teu temor e envelhece nEle”.

Fique velho no temor de Deus… Quer dizer: passe a vida inteira nesse temor filial e reverencial de Deus.

“Considerai, filhos, as gerações humanas e sabei que ninguém esperou no Senhor e foi confundido. Quem permaneceu firme nos seus ensinamentos e foi desamparado? Ou quem O invocou e foi dEle desprezado?

Isso emenda no “Memorare” [Lembrai-Vos]: Memorare ó piíssima Virgo Maria, non esse auditum a seculum etc., etc., etc.

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