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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Refutando mitos nº 6, 7 e 8: a Cruzada das crianças, pedido de perdão de João Paulo II e “justiça” do ódio muçulmano

A "Cruzada" das criancas foi desaprovada pelo Papa
e as criancas tiveram que voltar a casa

continuação do post anterior

Mito nº 6: as Cruzadas foram algo tão vil e degenerado que houve até uma Cruzada das Crianças

A chamada “Cruzada das Crianças” de 1212 nem foi uma Cruzada nem consistiu num exército de crianças.

Foi uma onda de entusiasmo religioso especialmente prolongada na Alemanha que levou alguns jovens – na maior parte adolescentes – a se autoproclamarem Cruzados e começarem a marchar rumo ao Mediterrâneo.

Ao longo do caminho foram recebendo grande apoio popular, e a companhia de não poucos bandoleiros, ladrões e mendigos.

O movimento se desmembrou quando chegou à Itália e terminou quando o mar se recusou a abrir-se para dar-lhes passagem…

O Papa Inocêncio III não convocou essa tal “Cruzada”, pelo contrário: pediu insistentemente para que os não combatentes ficassem em casa e apoiassem o esforço de guerra apenas com jejuns, orações e esmolas.

Nesse episódio, depois de louvar o zelo e a disposição desses jovens que tinham marchado até tão longe, mandou-os de volta para casa.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Refutando mitos nº 4 e 5 as Cruzadas foram colonialismo medieval e combateram os judeus

O Oriente muçulmano: agressivo, poderoso e opulento
O Oriente muçulmano: agressivo, poderoso e opulento

continuação do post anterior

Mito nº 5: as Cruzadas foram colonialismo europeu com ornato religioso

É importante lembrar que, na Idade Média, o Ocidente não era uma cultura poderosa e dominante, que se lançava sobre uma região primitiva ou atrasada.

Era o Oriente muçulmano que era poderoso, próspero e opulento.

A Europa era o terceiro mundo. O Reino Latino de Jerusalém, fundado após a Primeira Cruzada, não era um latifúndio católico incrustado em terras muçulmanas, como depois viriam a ser as terras de plantio em algumas colônias ibéricas ou inglesas na América.

A presença católica nesse Reino sempre foi mínima: menos de um décimo da população.

Católicos eram os governantes, os juízes, alguns mercadores italianos e os membros das ordens militares: o resto, a imensa maioria da população, era de muçulmanos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Refutando mito nº 3: os Cruzados encheram as ruas de Jerusalém de sangue até os tornozelos

Sitio de Jerusalém
Sitio de Jerusalém
continuação do post anterior

Esse é o modo preferido de pôr em evidência o caráter malévolo das Cruzadas.

Num discurso em Georgetown, o ex-presidente Bill Clinton disse que esse foi um dos motivos pelos quais agora os Estados Unidos são alvo de terroristas (embora no citado discurso o Sr. Clinton tenha subido o nível do sangue até a altura dos joelhos, para dar mais ênfase).

É certamente verdade que muita gente morreu em Jerusalém após a tomada da cidade pelos Cruzados.

Mas o fato deve ser analisado no seu contexto histórico.

O costume vigente em todas as civilizações pré-modernas, tanto na Europa quanto na Ásia, era que se uma cidade resistisse à captura e fosse tomada pela força, sua posse caberia às forças vitoriosas.

Isso incluía não somente os edifícios e os bens, mas também as pessoas.

Por isso, cada cidade ou fortaleza devia pensar muito bem se podia ou não resistir a um cerco: se não pudesse, o mais prudente era negociar os termos da rendição.

No caso de Jerusalém, seus defensores resistiram até o último instante.

Calcularam que as imponentes muralhas da cidade conteriam os Cruzados até chegarem os reforços do Egito.

Eles erraram: a cidade caiu e consequentemente foi saqueada.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Refutando mito nº 2: os Cruzados queriam pilhar. As intenções boas eram máscara

Os cruzados não queriam reinos no além-mar
Os cruzados não queriam reinos no além-mar

continuação do post anterior

Uma opinião comum entre os historiadores é a de que o aumento da população na Europa originou uma crise, devida ao excesso de “segundos filhos” de nobres, treinados nas artes bélicas de cavalaria, mas sem terras ou feudos onde se estabelecer.

Por esse motivo, as Cruzadas seriam uma válvula de escape, mandando esses homens belicosos para longe da Europa, onde pudessem obter terras para si à custa dos outros.

Os pesquisadores atuais, graças à ajuda de bancos de dados computadorizados, desmontaram esse mito.

Hoje sabemos que os “primeiros filhos” da Europa foram os que responderam ao apelo do Papa em 1095, e também nas Cruzadas seguintes.

Empreender uma Cruzada era uma operação extremamente cara.

Os Senhores tiveram que hipotecar suas terras para angariar os fundos necessários.

Além do mais, não estavam interessados em reinos no além-mar. Como os soldados de hoje, o Cruzado medieval orgulhava se de estar cumprindo o seu dever, mas queria voltar para casa.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Refutando mito nº 1: as Cruzadas foram contra pacíficos muçulmanos que nada fizeram contra o Ocidente

Altar em Gante, cavaleiros de Cristo, Jan van Eyck.
Altar em Gante, cavaleiros de Cristo, Jan van Eyck
continuação do post anterior

Não há nada de mais falso.

Desde os tempos de Maomé, os muçulmanos lançaram-se à conquista do mundo cristão.

E fizeram um ótimo trabalho: após poucos séculos de incessantes conquistas, os exércitos muçulmanos tomaram todo o norte da África, o Oriente Médio, a Ásia Menor e a maior parte da Península Ibérica.

Em outras palavras: ao findar o século XI, as forças islâmicas já haviam capturado dois terços do mundo cristão.

A Palestina, terra de Jesus Cristo; o Egito, berço do monaquismo cristão; a Ásia Menor, onde São Paulo estabeleceu as primeiras comunidades cristãs.

Não conquistaram a periferia da Cristandade, mas o seu núcleo. E os impérios muçulmanos não pararam por aí: continuaram pressionando pelo leste em direção a Constantinopla, até que finalmente a tomaram e invadiram a própria Europa.

Se uma agressão não-provocada existiu, foi a muçulmana. Chegou-se a um ponto em que só restava à Cristandade defender-se ou simplesmente sucumbir à conquista muçulmana.

A Primeira Cruzada foi convocada pelo Papa Urbano II em 1095 para atender aos apelos urgentes do Imperador bizantino de Constantinopla, Aleixo I Comneno (1081-1118).

Urbano convocou os cavaleiros cristãos para irem em socorro dos seus irmãos do Leste.

Foi uma obra de misericórdia: livrar os cristãos do Oriente de seus conquistadores muçulmanos.

Em outras palavras, as Cruzadas foram desde o início uma guerra defensiva.

Toda a história das Cruzadas do Ocidente foi a história de uma resposta à agressão muçulmana.


Thomas F. Madden, Professor de História
e Diretor do Centro de Estudos Medievais
e Renascentistas na Universidade
de Saint Louis, EUA


(Autor: Thomas F. Madden. Fonte: Ignatiusinsight.com)



continua no próximo post





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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Toda a verdade sobre as Cruzadas. Refutando falsos mitos

O Beato Papa Urbano II prega a I Cruzada
O Beato Papa Urbano II prega a I Cruzada

Muitas pessoas, no Oriente e no Ocidente, consideram as Cruzadas uma mancha negra na História da Civilização Ocidental em geral, e da Igreja Católica em particular.

Citadas por ambas as partes no conflito entre os Estados Unidos e os terroristas árabes, as Cruzadas voltaram aos noticiários, aos filmes e às séries de televisão.

Propalam-se velhos mitos e reacendem-se discussões. Um bom exame da História das Cruzadas é, portanto, indispensável.

O Presidente George W. Bush foi infeliz quando chamou a guerra contra o terrorismo de “Cruzada”, tendo recebido inúmeras críticas por empregar uma palavra que seria tão ferina e ofensiva para com os muçulmanos de todo o mundo.

No entanto, os próprios árabes também fazem uso desse termo. Osama bin Laden e o Mulá Omar com frequência chamaram os norte-americanos de “cruzados”, e qualificaram os atuais conflitos como uma “Cruzada contra o Islã”.

De fato, as Cruzadas estão bem presentes na memória do mundo muçulmano.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pacifismo hedonista e materialista X espírito de Cruzada ‒ Apologia da Cruzada IV

A Igreja nunca professou o pacifismo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A Igreja nunca professou o pacifismo.

O combate cristão, que é acima de tudo, uma atitude espiritual, mas que inclui a possibilidade da legítima defesa, a guerra justa e até mesmo “a guerra santa”, pertence a mais pura tradição católica.

Quem professa o pacifismo e o ecumenismo até o último ponto esquece que há males mais profundos que os físicos e materiais, e confunde as conseqüências desastrosas da guerra no plano físico, com suas causas, que são morais e provêm da violação da ordem. Numa palavra, olvidam que o pecado que só pode ser derrotado pela Cruz.

O mundo moderno que está imerso no hedonismo e perdeu a fé julga só ser um mal, e um mal absoluto, os danos físicos, esquecendo que o mal e a dor que acompanham inevitavelmente a vida humana com freqüência a elevam.

São Pio V vê miraculosamente a vitória de Lepanto contra os turcos
O espírito das Cruzadas e de Lepanto nos envia uma mensagem de fortaleza cristã que consiste na disposição de sacrificar os bens da terra, em aras de bens maiores, como a justiça, a verdade e o futuro de nossa civilização.

Hoje, o inimigo que ameaça a Igreja e o Ocidente é a atitude mental de quem acredita que acabou o tempo de Lepanto e das Cruzadas.

Esse inimigo contrapõe ao espírito de combate uma visão do mundo segundo a qual nada há de verdadeiro e de absoluto, e que tudo é relativo às épocas, aos lugares e às circunstâncias.

É este o relativismo que foi denunciado por João Paulo II na Encíclica “Veritatis Splendor” e “Evangelium Vitae” quando fala da “confusão entre o bem e o mal, que torna impossível construir e manter a ordem moral dos indivíduos e das comunidades” (SV 93).

Santa Joana d'Arco
A batalha contra o relativismo em defesa das raízes cristãs da sociedade para a qual hoje nos convidam João Paulo II e Bento XVI, é uma batalha em defesa de nossa memória histórica.

Sem memória histórica não há identidade no presente, porque é sobre a memória que se baseia a identidade dos indivíduos e dos povos.

Mas, as raízes cristãs não pertencem só à memória ou à história: elas estão vivas, porque o Crucifixo que as resume não é somente um símbolo histórico e cultural, mas é uma fonte atual e perene da verdade e da vida, do sofrimento e da luta.

A Igreja tem inimigos ainda que nós tendamos a esquecê-lo porque perdemos a concepção militante da vida cristã, fundada na Cruz, que sempre caracterizou o cristianismo.

A perda desse espírito militante é o resultado do hedonismo e do relativismo em que estão imersos, infelizmente, muitos homens de igreja.

Bento XVI fala freqüentemente de “minorias criativas”, poderíamos acrescentar “militantes”, porque a guerra hoje em curso é moral e cultural. Nela se enfrentam em línea de princípio duas concepções do mundo.

A história, aliás, é feita pelas minorias, sobre tudo as militantes. Pode-se militar pelo bem ou pelo mal, em um campo ou outro, mas apenas os militantes deixam sua marca nos eventos históricos.

São Luís rei embarca para a Cruzada
Na homilia de 5 de junho de 2010, em Nicósia, Bento XVI sublinhou também que “um mundo sem a Cruz seria um mundo sem esperança.”

O mesmo pode ser dito de um mundo sem espírito de Cruzada: seria um mundo sem esperança.

Isso significaria a renúncia à luta pela salvação, a renúncia da Cruz e reduzir o mundo a meras ruínas.

FIM

(Fonte: Prof. Roberto de Mattei, “Il Foglio”, 08/06/2010, apud Corrispondenza Romana, 08/06/ 2010).


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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Igreja não pode abandonar as Cruzadas sem se trair ‒ Apologia da Cruzada III

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Por que a Igreja não pode abandonar o espírito de Cruzada? Simplesmente porque não pode negar sua história e sua doutrina.

A história das Cruzadas não é um apêndice insignificante na história da Igreja.

Pelo contrário, está intimamente unida à história do Papado.

As Cruzadas não estão ligadas a um único Papa, mas a uma sucessão ininterrupta de pontífices, muitos deles santos, principalmente o Beato Urbano II que promulgou a Primeira Cruzada, São Pio V e o Beato Inocêncio XI, que promoveram “Santas Alianças” contra os turcos em Lepanto, Budapeste e Viena nos séculos XVI e XVII.

Não é desconhecido dos historiadores que, mesmo no século XX, Pio XII estudou a possibilidade de lançar uma “Cruzada” depois da revolta anti-comunista na Hungria em 1956.

Ao testemunho dos Papas, acrescenta-se o testemunho dos santos, começando com Luís IX, o Rei Cruzado por excelência, com Joana D'Arc, também a sua maneira “cruzada” e padroeira da França, “filha primogênita da Igreja”.

Opor a estas figuras o nosso São Francisco mostra, senão mala fé, pelo menos um notável desconhecimento da história.

A fonte mais confiável da viagem de Francisco é o testemunho de seu companheiro, o irmão Iluminado, que nos diz que o santo defendeu o trabalho dos cruzados e propôs a conversão ao Sultão.

E quem pode esquecer as legiões de franciscanos que se uniram ao longo dos séculos aos cruzados, liderados por São João de Capistrano (1386-1456), pregador da grande Cruzada do século XV que culminou com a libertação de Belgrado?

Ao lado do nome de São Francisco devemos colocar o de Santa Catarina de Siena, padroeira da Itália e Doutor da Igreja.

Um recente ensaio de Massimo Viglione mostrou que seu espírito era profundamente “cruzado” (“L'idea di crociata in Santa Caterina da Siena” ‒ “A idéia de Cruzada em Santa Catarina Siena”).

A ela poderíamos acrescentar outro Doutor da Igreja de sexo feminino, desta vez uma contemporânea: Santa Teresinha de Lisieux que numa página tocante em que se volta para Jesus, diz querer “percorrer a terra, pregar o teu nome, e cravar em solo infiel Tua gloriosa Cruz”, reunindo numa única vocação as de apóstolo, cruzado e mártir.

“Sinto em mim ‒ escreve ‒ a vocação de guerreiro, de sacerdote, de apóstolo, de Doutor, de mártir, em suma, eu sinto a necessidade, o desejo de realizar por Vós, Jesus, todas as obras as mais heróicas. Eu sinto em minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício: eu quereria morrer num campo de batalha para defender a Igreja ....”

Em 4 de agosto de 1897, no leito de morte, voltando-se para a Superiora, ela murmurou: “Oh, não, eu não teria medo de ir à guerra. Por exemplo, na época das Cruzadas, com quanta alegria eu teria partido para combater os hereges” (“História de uma Alma”, em “Obras Completas”).


(Fonte: Prof. Roberto de Mattei, “Il Foglio”, 08/06/2010, apud Corrispondenza Romana, 08/06/ 2010).

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segunda-feira, 5 de julho de 2010

As Cruzadas, decorrência necessária dos Evangelhos ‒ Apologia da Cruzada II


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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continuação do post anterior


A primeira Cruzada foi pregada em decorrência da meditação das palavras de Cristo: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16, 21-27).

Aquela mesma Cruz, em torno da qual se reuniam as pessoas nas catedrais, foi estampada nas vestes dos cruzados e exprimia o ato pelo qual o cristão se mostrava disposto a oferecer sua vida pelo bem sobrenatural do próximo brandindo suas armas.

O espírito das Cruzadas era, e continua a ser, o espírito do cristianismo: o amor ao mistério incompreensível da Cruz.

O professor Jonathan Riley-Smith, decano da renovação dos estudos sobre as Cruzadas, referiu-se àqueles que responderam ao apelo da primeira Cruzada, dizendo que estavam “inflamados pelo ardor da caridade” e pelo amor de Deus.

Ele assim traça a motivação profunda daquela iniciativa.

Oferecer a própria vida é certamente a melhor forma de amor, e o ato mais perfeito de caridade, porque nos torna perfeitos imitadores de Jesus segundo aquelas palavras do Evangelho: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus irmãos” (Jo 15, 13).

Só o amor, resumido no sacrifício de Cristo na Cruz é capaz de derrotar a morte, que é o maior sofrimento físico, e o pecado, que é o supremo mal moral.

Esse espírito e esse estado de espírito, abundantemente documentado pelas fontes históricas, não brota como um rio lamacento do inconsciente coletivo do Ocidente, mas do livre arbítrio de indivíduos que nos luminosos séculos medievais responderam a um apelo dirigido à sua consciência.

A resposta a esse apelo pode ser considerada uma “categoria do espírito” que nunca perde validade.

A ideia de Cruzada não é apenas um evento histórico limitado à Idade Média, mas é uma constante do espírito cristão que na história conhece momentos de eclipse, mas que sob diversas formas está destinada a reflorescer.

Expurgar a idéia de Cruzada da “plataforma programática” pessoal significa banir a própria idéia do combate cristão.

O ensinamento de que a vida espiritual é uma luta está especialmente desenvolvido nas cartas de São Paulo. Em muitos lugares delas encontram-se metáforas e imagens tiradas da vida do guerreiro.

O Apóstolo explica como a vida cristã é um bonum certamen (bom combate) que deve ser batalhado “pelo bom soldado de Jesus Cristo” (II Tm. 2, 3).

“Revesti-vos da armadura de Deus ‒ diz ele ‒, para que possais resistir às ciladas do demônio.

“Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares.

“Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever” (Ef 6, 11ss).

E ainda: “Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz.

“Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno.

“Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus.” (Efésios 6, 14-17).

O espírito da Cruzada e do martírio têm uma origem comum na dimensão profunda da guerra espiritual.

O martírio, como o sofrimento, pressupõe o combate.

A própria vida de Jesus Cristo pode ser considerada como uma batalha constante contra o conjunto das forças hostis ao reino de Deus: o pecado, o mundo e o diabo.

Que a vida do cristão seja uma luta é um dos conceitos que com maior frequência ressoa no Novo Testamento, onde lemos:

“Suporta comigo os trabalhos, como bom soldado de Jesus Cristo.

“Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar ao que o alistou.

“Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras.” (II Tm. 2, 5).

O Evangelho, aliás, em seu genuíno sentido original, é a proclamação de uma vitória militar, neste caso a vitória de Cristo sobre o mal e os poderes das trevas.


(Fonte: Prof. Roberto de Mattei, “Il Foglio”, 08/06/2010, apud Corrispondenza Romana, 08/06/ 2010).



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